segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A Sapa e a Formiga


Era uma vez uma Sapa cantante, que passava todo o verão em bares lésbicos, tocando violão e cantando MPB. Levava uma vida boêmia, tomando breja e seduzindo girinas. Não se preocupava com o futuro, pois queria viver intensamente aquela rotina de prazeres fugazes.

Chegava em casa com o sol nascendo, e ia dormir quando todos acordavam para trabalhar. Passava todos os dias em frente ao formigueiro, e era sempre repreendida pela Formiga:
- Você não se cansa dessa vida promíscua e vazia, sem compromisso com o futuro?
- Deixe de ser tão responsável, Formiga! Você trabalha demais e se diverte pouco! Você devia sair comigo qualquer noite dessas, dizia a Sapa em tom matreiro, dando uma piscadinha de olho para a Formiga (que não era de se jogar fora).

Então chegou o inverno e os bares se esvaziaram. Os bichos se recolheram em suas tocas e a vida noturna esfriou. E a Sapa não tinha mais onde cantar, e faltou dinheiro de cachê para comprar cerveja e o jantar.
Então a Sapa bateu à porta da Formiga:
- Formiga, me ajude! Estou sem bar para tocar e minha geladeira não tem mais breja!
- Você deveria ter ouvido meus conselhos, Sapa! A vida não é feita só de mulheres e bebida. Mas vou te ajudar, porque você é uma sapa talentosa.

A Formiga, influente que era, entrou em contato com gravadoras mil, e enviou vários demos da Sapa. Um produtor gostou do que ouviu, e achou que aquela voz macia merecia uma chance.
Logo a Sapa estourava na parada de sucessos e tinha música tocando na novela das 7. E a Formiga deixava seu trabalho no formigueiro para se dedicar à vida de empresária da Sapa.

As girinas voavam em cima da Sapa nos shows, mas ela não queria mais aqueles amores de uma noite só. Queria mesmo a Formiga, que a havia tirado da vida boêmia e valorizado seu talento.

Então a Sapa criou coragem e se declarou. E descobriu que a Formiga se apaixonara bem antes, quando a ouvira cantar docemente no estúdio. E as duas viveram felizes para sempre, morando em uma mansão enorme com uma geladeira duplex que nunca ficava sem cerveja.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

100.000!

Em janeiro de 2009, eu e Rainha de Copas fizemos alguns pedidos para o ano que estava nascendo e trazia em si aquelas esperanças que toda a humanidade renova a cada réveillon.

Daqueles pedidos, a namorada eu consegui, e com ela fiz muitas viagens felizes; mas o namoro acabou esse ano, e o desejo de novas viagens ao lado de outra namorada foi renovado.

O casamento gay ainda não foi reconhecido oficialmente e não podemos matar a CNBB de raiva, no entanto alguns passos foram dados nessa longa caminhada. A Receita Federal já nos reconhece como dependentes, e se o Fisco consegue nos enxergar, outros órgãos e entidades um dia também o farão.

Demonstrar carinho em público ainda não é tão tranqüilo quanto eu gostaria, mas acho que isso também virá aos poucos. Em algumas cidades mais liberais já é possível dar um selinho sem ser apedrejada feito uma iraniana adúltera.

Por fim, o último desejo feito na época: que o blog fosse um sucesso e atingisse 100.000 acessos.

O que era um sonho megalomaníaco, hoje eu tenho prazer de anunciar que conseguimos: batemos hoje a marca dos 100.000!

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Estatísticas de acesso Power Phlogger:
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http://aliceinlesboland.blogspot.com/
Número de visitas desde 27/04/2008: 100000


É um número tão grandioso para mim, que fica até difícil imaginar 100.000 pessoas lendo o que escrevemos ao longo desses 2 anos e 7 meses de blog.

Quando começamos, eu e Rainha de Copas queríamos apenas nos divertir, e ocasionalmente fazer algumas pessoas rirem conosco. Não tínhamos a menor pretensão de conquistar seguidores (o Blogger me informa que são 243 hoje!).

Depois de 216 posts (quanta bobagem foi dita, meu Deus!), posso dizer que o objetivo foi cumprido: nós nos divertimos até hoje com o que escrevemos e tem sido um grande prazer essa troca com as leitoras e os blogs amigos.

Às vezes eu fico um pouco ausente por motivos de trabalho ou pessoais, e sinto uma culpa enorme quando deixo o blog abandonado. Sabe aquele remorso de mãe que trabalha demais e não dá atenção ao filho? Então, é esse o sentimento. Mas aí eu me esforço para voltar, porque sei que pelo menos essas 243 pessoas gostam do que falamos por aqui, e não posso decepcioná-las. (E eu também, confesso, me divirto um bocado com os nossos textos: eu rio sozinha várias vezes quando reviso alguns posts antes de publicá-los. Só clico no botãozinho laranja "Publicar postagem" se eu pensar, "Isso está muito engraçado!" ou "Este texto ficou bom.": sou a maior crítica de mim mesma).

Então, leitoras e blogueiras amigas, dedicamos este post dos 100.000 a vocês, que nos lêem, comentam, riem, criticam, sugerem; participam, enfim, desse nosso espaço. Obrigada por nos acompanharem, vocês são a maior razão da nossa dedicação.



Um brinde a vocês!

Beijos de Lesboland,

Alice

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sobre adesivos e carros


Outro dia vi um adesivo engraçado em um carro e até comentei sobre o assunto no Twitter.
Estava escrito: Rastreado pelos olhos de Jeová, e ocupava todo o vidro traseiro.
Tinha um olho junto, para ilustrar a coisa e incrementar a breguice. Algo assim:


O mais divertido é imaginar Jeová, uma entidade puramente abstrata, com olhos. E iguais aos nossos! Aliás, quantos seriam? Acho que ele precisaria de muitos, são mais de 1 bilhão de carros em circulação no planeta para tomar conta. Tadinho, ele deve ficar até estrábico acompanhando tanta gente ao volante! O motorista só tem que torcer para Jeová não ficar míope, senão o fiel se perde na primeira encruzilhada e nunca mais volta para casa...

Outro que eu vi e também morri de rir: Rastreado por Jesus
Quando eu li, imaginei o Cristo lá no céu, segurando um GPS divino, com tela de 42.000 polegadas, tomando conta do trânsito do Brasil inteiro, para ver aonde o fanático vai se meter. Se ele se atrever a ir a algum lugar pecaminoso, tipo casa da amante, boate de strip-tease ou sauna gay, o GPS fala “Recalculando a rota” e o encaminha para o culto na igreja mais próxima.

Acho graça também dos adesivos incoerentes. Por exemplo, um carro tunado, de vidros pretos e rodas rebaixadas, tocando aquele funk proibidão que só fala em sacanagem, com um adesivo de... Rosário de Nossa Senhora!

Sou tigrão e dou um créu,
mas também rezo uma Ave Maria!

Ou aquele Ford Focus prata lindo, brilhando de novo, com motorista de terno e gravata, mas com um adesivo de... Cowboys!

Saí da roça, ganhei dinheiro,
mas minha alma ainda é rural!

Eu não uso adesivos no carro há muito tempo, e por um motivo bem prosaico: o automóvel fica fácil de ser identificado e associado a você. E para quem mora em uma cidade que não é tão grande assim, acaba sendo difícil inventar uma desculpa quando alguém vê seu veículo estacionado em frente a uma boate gay ou quando você dá aquele beijo de cinema na mocinha sentada no banco do carona.
- Eu? Beijando mulher no meu carro? Tá doido???
- Era você sim! Tinha aquele adesivo da sapa verde saltitante no porta-malas!
- ...

E você, tem algum adesivo no carro? O que ele diz sobre a sua personalidade?